domingo, 14 de outubro de 2018

Entrevista: União dos Autores Nacionais. (UAN)


Veja como foi a entrevista do autor do livro "Isaac", Alan Silva (@autoralan).





CRIS @crisautora: Como você vê o mercado literário para obras lgbt+? Você já foi alvo de comentários maldosos por escrever esse gênero?

ALAN: O mercado literário já não é algo maravilhoso para os autores nacionais. O mundo, no geral, já não é um lugar maravilhoso para nossa comunidade LGBT+. Agora imagina ser autor nacional e ativista LGBTQ+. É complicado. O preconceito vem de todo lado, de dentro da sua casa até mesmo na rua. Muitos colegas não foram no lançamento do meu livro por ser LGBTQ+. E isso é até bom, nos torna mais fortes. Cada comentário maldoso eu transformo em um lindo parágrafo em algum dos meus livros. Meus personagens sentem tudo que já senti. Dói. Mas eles se levantam e no final do dia, erguem cada vez mais alto a bandeira.


DEKO @primeiraorelha: "Isaac" é uma autobiografia e uma história que choca a todos que leram. Como foi reviver tudo isso passando para um livro?


ALAN: Devastador. Nunca chorei tanto ao terminar de escrever um livro e ao finalizar a revisão. Isaac é parte da minha vida e não poderia mudar nada na história. Tudo que está ali é de extrema importância para mim.


ALINE @autoraafpinheiro: Alan, o que te inspira a escrever? Quanto tempo levou para você concluir sua obra?


ALAN: A dor. A dor é a minha maior inspiração. Quando o coração aperta e parece que você vai ficar sem ar. Esse é o momento que sei que devo escrever. Quando quero gritar, mas não tem espaço. Encontro esse pequeno espaço na escrita. Isaac demorou 5 anos no total. E mais um ano revisando e editando. 


MAYANA @12_demaio: O livro Isaac fala tem muito sentimento, amadurecimento, perdão .... Você levou alguma situação ou vivencia pessoal para o livro?


ALAN: Tudo. Isaac é basicamente minha vida. Já ouvi tanto: Mas o que um menino de 21 anos viveu? Eu digo que até uma criança de um ano de idade teria muita história para contar. Cada dia nessa vida é precioso, basta saber enxergar isso. A beleza em viver.


THAYNARA @litera.livro: Eu li alguns capítulos de Isaac antes de sair do wattpad, queria saber de onde saiu a inspiração pra escrever o livro (porque o pouco que li já foi bem impactante) e se teve alguma experiência pessoal/próxima para escrever?


ALAN: Essa é a minha poesia e a fiz interinamente para você. Um dos quotes que mais amo em Isaac é esse, porque define o livro. Uma poesia, feita por mim, para você. No livro tem poemas, fábula, conversas, cartas, frases para postar no Instagram. Mas acima de tudo, uma vida.


ELINE @eline_sato: Qual o seu maior desafio ao escrever Isaac?


ALAN: Reviver todas as situações ruins que passei na minha vida. E não tornar algo maçante para o leitor. O principal desafio foi tornar Isaac um exercício de empatia. Para que não apenas a comunidade leia, mas todos. Pois, o respeito, a tolerância, a aceitação, a igualdade deve partir de todos e não de apenas um grupo.


ERIKA @livrosemletras: Quando você decidiu que era hora de mostrar a vida de Isaac pro mundo?


ALAN: Quando eu achei que ia morrer. E que não teria mais ninguém para fazer isso por mim. Quando vi que algumas pessoas precisam entender Isaac. Precisavam me entender. Quando os bissexuais, escritores e professores começaram a ficar sem voz. Isaac é o gritos que eu segurei dentro de mim por muitos anos.


 JULIANA @julianagcherni: Você mencionou ao falar sobre Isaac , que começou a ver que não há vantagens em ser invisível. Pensando nas milhões de pessoas que querem ter a sua coragem de se assumir, fugindo da zona de conforto, mas não conseguem, minhas perguntas são: O que te impulsionou a querer ser notado e qual conselho você daria aos inúmeros Isaacs espalhados pelo mundo?


ALAN: Primeira dica e creio que a mais importante: Cada um tem seu tempo. Se aceite. Se respeite. Se entenda. Você não deve satisfação a ninguém. E quando você estiver disposto a levantar a bandeira e abrigar outras pessoas que ainda não podem levantar. Venha conosco. Infelizmente nem todos podem dar a cara a tapa, nem todos podem se orgulhar sem temer. Mas enquanto estiver um lutando, todos ficarão bem. Todos terão apoio. Aquela Drag Queen famosa está aqui. O professor gay está aqui. A diretora de um desenho infantil LGBT está aqui. A médica lésbica está aqui. A atriz trans está aqui. E principalmente, eu estou aqui. E se estou aqui, é porque vale a pena lutar para ser quem você quiser ser.


KAREN @bibliotecadakah: Qual a sensação em ver suas obras sendo tão bem recebidas pelos leitores?


ALAN: Surreal. Sério, ao contrário do que parece, eu sou uma pessoa tímida, sempre fui, claro que me solto ao lado dos amigos, mas sempre fui meio fechado. Então receber todo esse carinho e apoio me deixa lisonjeado. Me torna capaz de seguir em frente.


MARIA @mariafreitasautora: Lito, Vera Cruz é um livro mais leve que Isaac (é, né? Pelo amor de Deus). Você pretende seguir escrevendo a trilogia? Pretende publicá-la? Se sim, como fazer para não cair na mesmice do sofrimento?


ALAN: É meu livro mais leve. Porém, os temas que peguei para criar a trilogia não são nada leves. Em O Espelho Sagrado, abordei o descobrimento do Brasil, como somos vendidos pelo ouro, pela riqueza, como trocamos a tranquilidade de admirar um parque, pela beleza de filtros no Instagram. Em A Pérola Negra, contei a versão que poucos conhecem sobre a princesa Isabel e a escravidão. E como atualmente somos escravos do capitalismo. 

Em A ascensão divina, a proposta é abordar a época da ditadura, ao mesmo tempo que a liberdade de expressão começou a mostrar os monstros que residem em cada um de nós e que os libertamos na internet. Eu tentei fazer algo leve, eu juro. Ah! Pretendo o terminar. E publicar o primeiro por editora em 2019.

ANA LUIZA @autora_analuizamarriel: Você esperava a recepção do livro e por consequência, as reações que Isaac causou nos leitores?


ALAN: Nunca!!! Fico até chocado quando alguém dá 5/5 estrelas. 10/10 estrelas. Os áudios de 30 minutos, 1 hora, de pessoas chorando. Eu me assustei no começo com isso. Até vídeo chorando mandaram!!! É uma reação que eu não estava esperando.


ALINE @a_magiadoslivros: Conheci Isaac pelo projeto do Primeira Orelha e fiquei encantada. Muitas pessoas gostam de ler e escutar música, Isaac possui uma playlist tão intensa igual a obra?


ALAN: A playlist é parte da obra. É como um capítulo. Com ela, tudo fica dez mil vezes melhor. Se alguém pegar para ver as letras, ao ler o livro, simultaneamente, vai entender exatamente do que eu estou falando.


LUSI @capasecapitulos: Qual o maior desafio de ser escritor?


ALAN: O maior desafio para mim até agora foi o ato de deixar minhas obras irem para o público. Eu tinha tanto ciúmes de Isaac. Era meu, só meu. Mas quando me libertei. Quando deixei ele voar, tive a melhor recompensa.


MAZA @lucasmakenji2: O quão profundo foi escrever Isaac e o significado deste livro na sua vida?


ALAN: Isaac é um mergulho na minha mente. E é um mergulho extremamente profundo. Capaz de tirar o ar do leitor e por esse motivo é tão importante na minha vida.


CAROL @carolmoura_autora: O que você acha dos PDF? É uma luta que vale a pena ir contra ou é melhor se unir a essa prática?


ALAN: Enviar PDF não é confiável. Seu trabalho pode circular por aí e tudo terá sido em vão. Se o autor quiser disponibilizar gratuitamente, existem plataformas confiáveis. Eu mesmo não envio PDF, tenho medo do que possa acontecer com meu trabalho.


SARA @chclivros: Histórias como a do seu livro abrem portas para que outros membros LGBTQ+ comecem a descobrir as suas vozes. Você recebe muitas mensagens dessas pessoas? Qual a sua sensação ao dar vida ao Isaac e inspirar tanta gente?


ALAN: Sim, hoje mesmo recebi o áudio de uma menina falando que estava confiante em andar de mãos dadas com a namorada, por causa do livro. O livro deu essa confiança para ela. Amo esse tipo de feedback. Isaac, assim como eu, só queria alguém, uma pessoa que escutasse e entendesse ele. E inspirar tanta gente com a minha própria história é gratificante.



Essa foi a entrevista concedida aos meus queridos da União dos autores nacionais. 
Espero que tenham gostado! Tem alguma pergunta? Envie no comentário ou e-mail, responderei com maior prazer. 

nasceu em 1997. Autor lgbt+. Sua utopia é um mundo sem preconceitos, o autor adora sagas como Percy Jackson, Harry Potter e Nárnia. Sua trilogia favorita é The Hunger Games e o livro favorito é As vantagens de ser invisivel. Bissexual e Leonino.

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